Poemas -> Saudade : 

Barca Velha

 
Encalhada na areia da praia
Escutas as canções da marujada
Nas noites enluaradas
quando singravas em alto mar.

És espectro do tempo
e jazes semi enterrada
Longe do que altivamente fostes
e cortavas caminhos sobre as ondas.

Transportavas riquezas,
gente da realeza,
pioneiros,, e gente do povo.
Que traziam no peito, sonhos.

Lutastes contra ondas gigantes,
e calmarias constantes.
E animais mitológicos
que te assombravam a mente.

Em noites e dias a fio.
Singrando os mares e rios.
Levavas em teus porões,
sonhos de vida, ouro e prata.

Enfrentastes tempestades,
fostes, vitoriosamente,
E nos reveses que tivestes
saístes incolumemente.

Agora, semi enterrada
és abrigo de animais,
crustáceos, habitantes
das areias das praias.

Navegando de continente
em continente,
transportando os sonhos
de muita gente.

No alto do mastro a bandeira
tremulando ao sabor do vento,
faz de mim neste momento
uma visionária desse teu tempo.

Sentada na areia ao pôr do sol
medito na tua vida pregressa,
descubro que a vida não tem pressa
e fez de ti uma gravura no arrebol

És agora nesta praia,
uma carcaça enterrada,
que serve de sombra
a um pescador cansado.

E a noite quando o alto mar,
sopra seu vento pra cidade,
geme as tuas frestas do costado
num murmúrio de dor e saudade.

Fadinha de Luz












Maria de Fatima Melo (Fadinha de Luz)

 
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MariadeFatima
 
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