a recalcitrância dos olhos é unívoca
nesta dimensão de pormenores
em que vê um cavalo assustado
perante uma serpente equívoca
e um anão que grita de dores
enquanto tenta crescer um bocado
são estados, amor, são estados
tão doentes como os da alma
quando pensa que existe
em piso de calhaus irados
e recheado por vivalma...
moribunda letra de chiste
entretanto, olha-se levianamente para dentro
numa busca incessante por zeros
velhos vazios e redondos
mortos pela dicotomia de um ceptro
que desenha óbvios esteiros
em corpos femininos e fecundos
volto à recalcitrância indómita dos olhos
na tentativa de descortinar a fixação
de uma regra incómoda para a leitura,
à procura desmedida por escolhos
que, quietos, abalroam a atenção
para além da bruxuleante candura
A boa convivência não é uma questão de tolerância.