Oiro desfeito em pó
Não vou ficar de mãos entrelaçadas
ao ver o oiro em pó…
Não vou ficar de olhos marejados
porque me sinto só…
Ajuda-me Senhor!
rasgas os farrapos pintados de grandeza
e põe a luz nessas veredas mortas…
Horas suplicantes
Orações vivas de Fé e de Certeza
são a oferta
que posso colocar
nas calçadas sem luz
Quando a lua aparecer
a espreitar às portas
a gritar que estou só…
Olhai farrapos pintados de grandeza
oiro desfeito em pó
Agora sei
dolorosamente
porque me sinto só…
Só, com as ruas pejadinhas de gente
gente crescida e garotos descalços…
o sol não vem a estes mas mortas
e o oiro aos montes que anda pelo ar
só vai dourar
a Fé enorme que levo nos meus braços…
Maria Helena Amaro
Março, 1967
http://mariahelenaamaro.blogspot.pt/2014/05/blog-post.html
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