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o meu pai era do benfica

 
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não tirem o vento às gaivotas - sampaio rego sou eu


o meu pai era do benfica. um bom benfiquista por sinal. logo. um bom chefe de família – como muitos milhões de benfiquistas. tenho a certeza. de que também ele se tornou simpatizante do glorioso por conta das vitórias extraordinárias na década de sessenta – habituei-me em casa a ouvir relatos minuciosos sobre o prestígio do benfica no mundo. e da sua figura mais emblemática. eusébio da silva ferreira – fruto desse amor do meu pai pelo glorioso e do meu amor pelo meu pai. também eu me tornei benfiquista – não um benfiquista do norte ferrenho. fanático. doente. apenas mais um benfiquista. despretensioso. que gosta de ver vencer o seu clube com seriedade – para mim as vitórias não tem que acontecer a qualquer preço e os meios usados para as alcançar tem obrigatoriamente que advir pelo mérito desportivo dos seus atletas dentro do campo – ganhar. nos meus ensinamentos de vida. só é importante quando o talento esta associado à honestidade – recuso-me a ver o futebol a uma só cor. a uma região ou a um bilhete de identidade – nasci em braga mas sou de outro emblema que não o da cidade que me viu nascer – sou do benfica que por sinal é de lisboa – há quem vista a camisola do sporting. da académica. do belenenses. outros ainda de clubes mais distantes. do real madrid. do milan. do liverpool. de todas as partes do mundo. não encontro nenhum razão de ética ou moral para não se ser do clube que o coração determina. por mais distante que morem as raízes dessa coletividade – enquanto a moral se fundamenta na submissão aos costumes e hábitos praticados num determinado local. a ética. opostamente. procura assentar as ações morais unicamente pela razão – as questões éticas raramente são simples. mas a questão principal é salvaguardar a nossa integridade pessoal. fazendo respeitar as nossa opções de escolha sem nunca deixar de respeitar quem pensa de forma diferente – e assim sou benfica dos pés à cabeça – o mais espantoso é que cada um tem a sua razão-história para gostar do clube A ou B e nenhuma dessas razões-história é mais ou menos válida do que uma outra qualquer – no meu caso. gosto do benfica porque o meu pai gostava e porque o meu coração me obrigou – acreditem que não encontro razão mais bonita para se ser do benfica. obrigado meu pai – mas para lá dos clubes. no que me diz respeito. gosto do meu país como um todo. sem divisões. sem fronteiras regionais. sem bairrismos doentios. sem pontos cardeais. sem chauvinismo. sem montanhas. rios. florestas. searas. falésias ou outra qualquer forma impeditiva de nos podermos ver. tocar e olhar olhos nos olhos – somos todos iguais. todos queremos que os nossos clubes vençam – neste mundo desportivo. onde a paixão clubística faz muitas vezes o homem perder a razão e o bom senso. esquecendo-se que o desporto [profissional também] tem como primeira função aproximar as pessoas. os povos. as cidades. mas principalmente. fazer com que as desigualdades pareçam menos desiguais – o desporto é a maior força pacífica de agregação do ser humano. atenua as diferenças e torna-as menos díspares num mundo cada vez mais global e egoísta – fundamental para a criança. para o seu desenvolvimento. o desporto ajuda a harmonizar o seu comportamento. incitando a sua capacidade de concentração. desportivismo. companheirismo. amizade. autoconfiança. espírito de equipa e solidariedade. sendo estas vermelhas. pretas. mestiças. amarelas e outras que não tendo cor correm atrás de quem lhes diz que muitas cores juntas fazem um arco-íris – sinto-me um pouco de todo este meu país. colorido. e em todos os cantos me sinto em casa – não divido o meu país em cores de camisolas dos que dão chutos a bolas e muito menos pelo léria ultrapassada de uns quantos senhores grosseiros que por nada saberem das coisas do coração magoam os que sonham um dia poder ver a sua cor ganhar – sou do benfica porque sou do meu pai – como diz o ditado. filho és. pai serás – os antigos sempre sabiam o que diziam. vejamos como tinham razão – tenho três filhos todos eles benfiquistas. confesso que talvez fruto da sua juventude. às vezes são um pouco aguerridos a mais para meu gosto. mas mesmo assim bons rapazes. tal como o meu pai não gostam de festejar as vitórias humilhando os vencidos – sempre que alguém ganha há outro que perde. para uns estarem felizes outros estão tristes. é assim o desporto de alta competição ou mesmo uma peladinha entre amigos. infelizmente não podem ganhar todos – depressa entenderam que é mais difícil saber ganhar do que saber perder – mas toda esta conversa. esta minha crónica. para dizer o seguinte: há por aqui [facebook] muita “boa” gente. minha “conhecida” do mundo virtual e não virtual. que constantemente coloca imagens e comentários depreciativos em relação ao meu benfica – ora muito bem. eu até posso compreender que uns quantos parvalhões. de um qualquer dos clubes. sejam eles do norte ou sul. coloquem aqui um chorrilho de disparates de mau gosto – parvalhão não tem lugar certo para morar. assim sendo. não posso fazer nada contra esta praga de imbecis. mas mesmo que pudesse teria as minhas dúvidas em fazê-lo – no meu entender. enquanto andam ocupados no facebook não fazem dispartes na vida real. como: lançar very-lights. assaltar estações de serviço. vandalizar viaturas ou atacar à pedrada viaturas nas autoestradas. entre muitas outras parvoíces que a juventude não desculpa – o facebook é bom para este tipo de gente. permite-lhes largar as frustrações pessoais. traumas de infância. raiva. ódio e linguagem violenta num espaço onde para além dos danos da alma mais nenhuma mal acontece – o que não quer dizer que uma palavra não seja capaz de ferir mais que um estalo. pode. mas nada posso fazer a não ser evitar o segundo estalo. já diz o ditado: à primeira qualquer um cai. à segunda só cai quem quer – mas também não é grave. já percebi que esta gentinha não tem o relógio a bater certo. diria que o desenvolvimento do cérebro é inversamente proporcional ao crescimento do corpo. alfinetes de alinhavar costuras – esta malta não sabe usar o facebook para criar-manter amizades. não sabe. não tem condições de saber. e quero acreditar que mesmo que tivessem a oportunidade de aprender continuariam a não querer – estes anormais precisam do facebook para libertar a raiva e ódio acumulados ao longo da vida inútil que fabricaram – já os outros. que amavelmente se dizem meus amigos. parceiros diários de um espaço pessoal e “íntimo”. para esses a minha tolerância é agora zero – não voltarei a permitir que continuem a invadir diariamente o meu lugar de reflexão. diálogo e partilha de “amigos” que por um qualquer motivo. nobre quero acreditar. aceitaram coabitar o mesmo espaço cibernético publicando diariamente mensagens obscenas contra o meu clube de coração – quase que arriscaria a dizer que para esta gentinha nada mais existe no mundo para fazer do que magoar quem não é do seu clube – criaturas! há tanto para falar – meu deus. quanto vale um médico que acaba de salvar uma vida com a arte que aprendeu com tanto esforço e dedicação. treinando todos os dias afincadamente. dia e noite. procurando a cada dia ser um melhor do que ontem. e deste modo evitar sobre o risco da vida o triunfo da morte – quanto vale uma auxiliar de idosos que todos os dias tem que virar o corpo de acamados para não deixar as escaras ganharem à vida o luto de gente que não se cansa de lutar por mais um dia de vida. correndo para trás e para a frente. sem descanso. atacando a solidão de quem já quase tudo perdeu e defendendo com unhas e dentes o que resto daquelas almas santas e doridas – quanto vale um professor do primeiro ciclo. que como um treinador de futebol. ano após ano vai aceitando as crianças como se fossem suas. de todas as cores e credos. altas ou baixas. bonitas ou feias. ricas ou pobres. e lhes ensina todas as letras de um mundo de bem para que um dia possam escrever a sua história como adultos felizes – está a chegar a hora de dizer basta a este tipo de personalidade que todos os dias invade o meu talento de tolerância para ter o ignóbil prazer de magoar e humilhar quem não é da sua cor – apesar de ser complemente contra a censura. não me resta outra solução a não ser o seu bloqueio na minha lista de amigos. não posso continuar a permitir que os meus filhos me interroguem que tipo de amigos partilham a minha intimidade – eles não compreendem. e eu também não – como foi possível deixar esta gente entrar nas nossas vidas? não sei – eu moro a sul da galiza e a norte do algarve – da minha janela vejo o mundo redondo. azul. com mar. sol. sal e gaivotas – engraçado. vejo um mar azul e não um mar vermelho – será assim tão difícil perceber que a amizade só se constrói com respeito e tolerância – para mim em primeiro lugar estão as pessoas e só depois o clube do coração – viva o glorioso. viva o benfica – o campeão voltou e amanhã há mais um taça para ganhar
 
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sampaiorego
 
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Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 27/05/2014 05:07  Atualizado: 27/05/2014 05:07
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 Re: o meu pai era do benfica
fico pensando nisso tudo e repito:
'carroça vazia é que faz barulho'
beijo, meu querido amigo