Nas mãos sulcadas pelo tempo,
nascem searas de brisas
iluminadas pelas tardes de sol,
que acalentam os sorrisos da alma!
Mãos que abraçam sentimentos,
afagam rostos com a carícia do luar
e beijam bocas sôfregas do néctar
perfumado pelo amanhecer da alvorada!
Mãos que sufocam os dias
na força silenciosa do improvável
marcadas com as amarras da dor
pelo tempo implacável e furibundo!
Mãos de veludo, vestidas de nuvens
esvoaçadas nas asas das mariposas,
mãos agrestes rugosas na ira
das invernias, que fustigam desatinos
e inquietam as noites do porvir!
Mãos que desenham invenções
nas margens das utopias,
que controlam a pena, no traço
que dá cor ao papel branco,
em imagem parida da criatividade
filha admirada em obra realizada!
…Mãos que me permitem
na serenidade do meu pensamento,
escrever-me em poesia
na acalmia do meu espaço,
com o tempo…
que as minhas mãos não controlam.
José Carlos Moutinho