Há um despreparo tão natural como lastimável do homem para lidar com as épocas festivas. Quando é a altura de se comemorar algo este tende a cair na retórica de que se não se fez nada até à data, para suavizar a dor dos que sofrem agressões, como a fome ou o abuso de crianças, nas suas mais tristes realidades, então deve-se censurar e aprofundar até ao tutano, o que ele chama de embustes, tipo o natal ou o dia da criança.
Que fiz eu durante todo o ano para num simples dia vir a aplaudir e a comemorar tais datas? – pergunta-se.
Bem é verdade que não fazemos nada, enquanto cidadãos privilegiados que gozam da mais plena liberdade, mas também é verdade que é nestes dias que se deve aproveitar
o nosso egoísmo para fazer algo, em prol doutrem.
Esta é a mais triste das realidades mas nós somos mesmo assim, vemos e fechamos
os olhos, durante o nosso dia a dia, ante o que nos entra retina adentro e depois
queixamo-nos se outros fazem algo em beneficiação do próximo que sofre misérias
e padece de outras dores.
Somos assim duplamente mesquinhos e eloquentes. Não fazemos antes então não vamos fazer agora, e a duvida persiste enquanto nos ralamos com o que o vizinho pensa.
Tenho para mim que o mais perto da realidade e da verdade de cada um é o que deve
ser concretizado. Se o homem, enquanto parte de uma comunidade, tende a funcionar
como um conjunto de pessoas, o que não faz sozinho, então que ele seja livre de agir segundo o seu comportamento, enquanto parte de uma população. É Natal! festejamo-lo.
Jorge Humberto
22/12/05