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correspondência violada - 01

 
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não tirem o vento às gaivotas - sampaio rego sou eu


e agora.

como resolvo estar vivo se é na morte das palavras que nós encontramos as mãos com que escrevemos
como faço para estar vivo se é com a tristeza da perda que as minhas gaivotas voam
diz-me
diz-me
se morrer é esta coisa de dizer coisas sem sentido
se morrer é abraçar as tuas palavras como se fossem tiradas de dentro de mim
se morrer é gritar pelas cores que enxergo no que escreves
e eu cada vez mais negro
-
encosto-me
encosto-me numa marquesa que já foi rainha
e escrevo
nunca fui nada
penso.
quero pensar nesta garganta que já não faz barulho
e o vazio é enorme
vai daqui até dentro do meu dedo indicador
-
onde está a aguardente
quero queimar a voz
as palavras tem que nascer roucas
como o coração
rouco de gritar por socorro
e eu só
morto sem saber

só tu aí me ouves

-

correio privado com a minha querida amiga vânia - abril de 2012
 
Autor
sampaiorego
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 08/05/2014 20:30  Atualizado: 08/05/2014 20:30
 Re: correspondência violada - 01
Sempre perfeitos, sempre!


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 08/05/2014 22:14  Atualizado: 08/05/2014 22:14
 Re: correspondência violada - 01
Adorável texto!
Creio eu que essa túnica me serve.
Abraços


Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 10/05/2014 21:17  Atualizado: 10/05/2014 21:17
Membro de honra
Usuário desde: 25/01/2009
Localidade: Pouso Alegre - MG
Mensagens: 18598
 Re: correspondência violada - 01
se me escutasses... mas és teimoso!
já te avisei que cada palavra tua é poesia.
desta não me lembrava. tenho comigo as preferidas.
sem nunca conseguir escolher entre elas.
meu querido amigo. gostei desse gesto da correspondência violada.
fica meu carinho que o tempo não apaga... (obrigada)


Enviado por Tópico
Jmattos
Publicado: 24/05/2014 02:40  Atualizado: 24/05/2014 02:40
Usuário desde: 03/09/2012
Localidade:
Mensagens: 18165
 Re: correspondência violada - 01
Poeta

onde está a aguardente
quero queimar a voz
as palavras tem que nascer roucas
como o coração
rouco de gritar por socorro
e eu só
morto sem saber

só tu aí me ouves


Belo e sentido! Gostei imensamente!
Beijos!
Janna