Mais um da série "poemas da minha rua" ou será "poemas para a minha rua"? Vou pensar no assunto!
que se lixe o poema a poesia
até este que se escreve
se poema for
agora que saio
enquanto ela dorme
quarentona e eu miúdo de vinte anos
que se lixe só penso não no corpo
fácil
o dela e também o meu
entregue após dois dedos
de conversa
e um copo bebido à pressa
no boémia
quarta-feira à noite
ali à sé velha
mas nos beijos da infância trocados
por rebuçados
aí sim
que não se lixe o poema
a poesia
a magia de ousar de arriscar
de ser no fundo feliz
aproximar-me do que sinto
ser a felicidade
porque um só beijo desses mesmo que
falhado porque só na face
me levaria ao colo madrugada
fora ladeira acima
até ao cume de santa clara
com um sorriso tipo sol nascente
mesmo que
como cantava o outro ao sol poente
fosse patrocinado
por uma bebida qualquer
Xavier Zarco