Um Cordel pra Mariquinha
Vim aqui nesse programa
pra dizer uma coisinha,
que todo fim de semana,
vem pra cá a Mariquinha.
Vem fazer ponche gostoso,
e quitutes na cozinha.
Já têm mais de quatro anos,
que ela faz esta rotina.
Pra cuidar desse amigo,
ela nunca se amofina,
pois quer vê-lo firme e forte:
é um doce, essa menina.
Mas antes de eu dar sequência,
contar tintim por tintim.
Primeiro peço a anuência
deste, que, está junto a mim.
Pois foi ele quem a trouxe,
lá de Quixeramobim.
Já que ele consentiu;
então vou continuar.
Se você inda não ouviu:
por favor, queira escutar:
pois da Dona Mariquinha,
certamente, há de gostar.
Mariquinha nasceu pobre,
porém, rica se tornou.
Pois por lá, surgiu um nobre,
e com ela se casou.
Mas, logo subiu pro céu,
e a fortuna ela herdou.
Pouco tempo se passou
e um outro apareceu.
Por ela se apaixonou;
imagine no que deu:
a alegria durou pouco,
pois esse também morreu.
Foi assim com o terceiro,
com o 4º, e com o 5º.
Morreram como o primeiro,
é verdade, eu não minto.
Olha ali, a Mariquinha!
a mais rica do recinto.
Ela é maravilhosa,
e muito bela, por sinal.
Além do mais, é caridosa,
como nunca vi igual.
Trata bem a todo mundo,
de uma forma fraternal.
De vez em quando ela sai
da cozinha, onde fica
e vem ver os convidados;
no estúdio ela embica.
Com alguns ela conversa
e, até se identifica.
Se está gostando dela,
mas não só pra passar chuva,
vá, ali, fale com ela,
pois lhe afirmo que é viúva;
porém, chegue com cautela,
se não ela tira a luva.
E, então, caro colega:
vai ser um Deus nos acuda,
se acaso ela lhe pega;
você vai pedir ajuda,
ela quando embravece,
não escuta e fica muda.
Por isso, vá, com jeitinho
e convide-a pra dançar.
Ela gosta de carinho,
e por certo vai aceitar.
como disse: vá com calma,
pra ela não se apoquentar.
Certa data, Gonzagão,
que já muita fama tinha.
Forrozava num salão,
uma moda mazurquinha;
ao vê-la disse sorrindo:
"Dança, dança Mariquinha".
Ela então saiu dançando
e o povo todo parou.
Ficaram todos olhando:
"E o forró continuou".
Gonzagão puxava o fole,
e a poeira levantou.
Foi assim a noite inteira,
até o raiar doutro dia.
A Mariquinha dançava,
a multidão aplaudia:
Gonzagão não disfarçava:
todo contente sorria.
Mas, agora, vou dizer:
deste momento presente:
pegue ali um tamborete,
chegue pra cá e se sente.
Eu vou continuar contando
pra você e muita gente.
A verdade seja dita,
eu não posso me omitir.
Mariquinha é bem bonita,
não tem como eu mentir,
mas já enterrou 5 maridos,
que de lá não vão sair.
Outra coisa eu lhe digo:
porque isso me compete,
você é meu grand\'amigo;
não teremos tête-a-tête:
filhos ela teve vários,
se contarmos são 27.
Mas, nisso não há problema,
todos têm gorda poupança;
Mariquinha usou o esquema,
e dividiu a herança,
deixada pelos maridos,
que não eram de gastança.
Agora que o prezado,
ouviu bem o meu aviso.
Seja terno e delicado,
sem mostrar-se indeciso;
mas não chegue muito perto,
vá que ela perca o juízo,
E, lhe joque a frigideira,
bem no meio da cabeça;
afundando sua moleira
e um galo nela cresça,
e lhe diga bem raivosa:
vá embora e me esqueça.
Foi assim que outro dia,
cena igual aconteceu,
com um cabra que eu não via,
que aqui compareceu.
Foi bulir com Mariquinha:
e então, o pau comeu.
O sujeito saiu correndo,
nem sequer se despediu.
Até hoje \'stá tremendo,
disso eu sei porque alguém viu
e contou-me em detalhes
que o tal, não mais dormiu.
Se você está disposto,
a casar com Mariquinha.
Isso prova seu bom gosto,
pois parece uma rainha,
e não pode uma viúva
ficar assim tão sozinha.
Se ela aceitar seu pedido,
marque logo o casamento.
Será o sexto marido,
a viver belo momento.
Vá buscar o santo padre,
pra fazer o sacramento.
Eu espero que o amigo,
me convide pra padrinho.
Pois afinal, foi comigo,
que ela veio no trenzinho:
porém, com todo respeito,
cada qual, no seu banquinho.
Por isso que, a Mariquinha
gosta por demais de mim.
Pois sentia-se tão sozinha,
naquele sertão sem fim.
Morando lá na fazenda:
Lá, em Quixeramobim.
Qualquer dia, com certeza,
aqui mesmo quero estar,
e, com a mesma franqueza,
outro caso vou contar,
mas porém, eu só virei,
se o comandante chamar.
Findou o caso amigo,
contei tudinho. Agora,
se quiser venha comigo,
"quer ir mais eu, vão \'bora",
o vate Roberto Jun,
vai voltar em outra hora.
Aqui vou me despedindo,
vou deixando o meu adeus.
Já saudade estou sentindo
de quem são amigos meus.
Até breve companheiros!
fiquem vós também com Deus!...
Roberto Jun