Por que dos homens
Que andam sem descanso,
Trilhando caminhos penosos,
Como oficiais de uma guerra suicida,
Que não termina jamais?
Para onde vão estes andrajosos soldados
Sem bandeira,
Sem batalhas ganhas ou perdidas,
Sem sangue derramado,
Sem ordem de comando?
Onde acham forças
Para enfrentar tão duro caminho,
Sem o doce beijo de uma mulher adorada,
Sem o sorriso matreiro de um menino que se goste,
Sem uma botina que livre os pés de agruras maiores,
Sem o gosto indefinido de uma grande saudade?
Um sonho distante, talvez,
Os guie durante frias noites ao Sul.
Em dias ensolarados ao Norte
Algum córrego barrento,
Aliviará a faina diária, com certeza.
Seu rústico cajado afastará
Os cães que invadem seu descanso
Em lugares proibidos.
Para onde vai aquele mendigo?
Para onde vai aquele louco?
Para onde vai aquele santo?
Para onde vão estes maltrapilhos?
De onde vêm?
Por que partiram?
Quem são eles?
Aonde vão como hienas errantes,
Fuçando com curiosidade,
Sórdidas novidades?
Aonde vão, cantando canções marciais,
Cantigas de roda,
Ou algum poema nascido
Não se sabe onde,
De difícil compreensão?
Com que adversários sonha o andarilho
Na sombra do caminho?
Com que amigo conta
No destino sem fim?
Quem sabe encontre refúgio
Que espante seus grandes males,
Que esconda seus pecados,
Que mate seus fantasmas.
Pode ser que nunca encontrem um pouso,
Continuando com corpos insensíveis
De alma vadia,
Uma procura sem fim,
Até onde a vista alcança.