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O poema veio
na cauda de um cometa.
Veio meio perneta,
perna de pau,
cara de mau.
O poema pirata.
Mas, o tal pirata
poema
não navegava o mar.
Era quase um astronauta,
o pirata lunar.
Poema pirata
perneta,
maneta.
Se não me falta atenção
há um gancho no lugar de uma mão.
Gancho de riscar letras
na superfície da lua.
Ele faz tatuagens
riscadas
na pele da lua.
São os sons do poema.
Quando risca a crosta
do satélite,
a dor que causa à lua
dá-lhe força
para que venha até mim.
Ele e seu papagaio,
o dragão.
- Se há sete mares,
há sete luas,
diz-me o pirata sem rima.
E sete estrelas também.
O poema quer ensinar-me
a comandar o leme
da minha nau imaginária
para que eu possa visitá-lo
nos dias sem inspiração.
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