Num sol, como se fosse noutra luz
Num vento, como se fosse noutro tempo
Algures entre a distância e a realidade
Um carteiro entregava cartas que escrevia a si mesmo
O remetente era uma equação pateta de si
Um pedaço da sociedade por acções danada
O destinatário, o cão de cada um
Num rasgo como se não cicatrizasse
Numa gangrena de palavras por dizer
De todas as vezes em que foi preciso morrer
Nunca uma criança deixou de brincar
Fome ou guerra à cabeceira
Nunca um beijo
E de todas as vezes de todos os tolos
Em cada árvore da vida
Na verdade armadilhada de um sorriso
Os ramos estendidos sempre foram avenidas
É por isso que os pássaros.