Não sei se vejo a vida
pela perspectiva de uma formiga
ou a de um elefante,
tudo pode ser grande
tudo pode ser diminuto,
um minuto pode ser um instante
e um instante pode ser substituto.
Não sei se estou líquido ou viscoso,
por vezes me derramo
do alto do meu aqueduto
como a força de um hidrante
apagando todos os vultos
que não estejam consonantes
com esse amor já reduto
ainda que equidistante
vazando de um oleoduto
escorregando o inconstante
para dentro de um atributo.
Não sei se me prendo a filigranas
para suportar viver de expectativas,
pois ao receber essa coabitante
da minha paixão em estado bruto,
me vi atiçado por fogos crepitantes
na porta do meu coração gasoduto,
que nomeou alguns representantes
para esse amor tão irresoluto:
sonhos, memórias, espera constante
para um dia colher os frutos
porque se um minuto pode ser um instante
um instante pode ser absoluto.