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Para mim mesmo ergui (Alexander Puchkin)

 
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Para mim mesmo ergui, não com as mãos, movimento:
a estrada livre que o meu povo há de trilhar.
Alexandre não tem coluna erguida ao vento
que erga a cabeça mais que o meu pilar.

Não morrerei de todo — pois que no meu canto,
sem corpo corruptível, soarei altivo.
E o meu renome imenso durará enquanto
houver na terra um poeta, sobrevivo.

Da minha fama o ruído a Rússia há de varrer,
que aos povos todos dela irá iluminando,
o eslavo, o balta, o tungu me hão de conhecer,
como o kalmuk a estepe cavalgando.

Serei amado, e as gentes lembrarão mil anos
na glória do meu verso o fogo que acendi:
como cantei ser livre em tempo de tiranos
e para os humilhados honra só pedi.

Oh Musa, nunca escutes mais que a um deus, tua arte,
impávida aos insultos, ao louvor mais fria.
Sem recompensas, canta, mas saibas calar-te
sempre que um asno cruze pela tua via.

Alexander Puchkin (1799-1837), poeta e novelista russo.

Imagem: Estepes da Rússia, com montes ao fundo.
 
Autor
AjAraujo
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