CONTATOS
Parte II
Após o jantar, as crianças foram para a sala de som onde ficaram a jogar videogame. Até fizeram um campeonato entre eles do qual Sandra foi a ganhadora.
-Ih...Eu sou imbatível nisso. Cambada de burros! – Festejava a garota.
Tudo era brincadeira... A única que não participara dos jogos foi Norma, pois, fora esperar o namorado no terraço.
- Você pode ter ganho hoje porque Ralph esteve ausente – disse Samuel – quando ele estiver jogando, duvido você ganhar... duvido!
E ficaram a brincar até 11 horas, momento em que o sono chegou e arrastou todos para a cama. Norma também despediu o namorado e retirou-se para seu quarto.
A noite estava quente, um calor terrível. Embora nada sentisse por causa do ar-condicionado, Emília Régis não conseguira conciliar o sono. Virava de um lado para o outro e nada de dormir. Cansada de tanto tentar, veio para o terraço pegar um pouco de ar fresco, talvez ali o sono chegasse mais rápido, contudo bem que ela sabia o motivo da insônia... Um pensamento não a abandonava, ela centralizara insistentemente a nudez de Vinícius à sua mente, daí toda a sua perturbação. Estava aflita com suas próprias reflexões: “Credo, ele é apenas uma criança... Isto não pode estar ocorrendo comigo, não pode...”
Para perturbar ainda mais sua mente, eis que Vinícius, igualmente com insônia, surge de súbito no terraço, apenas vestido de cueca e nu da cintura para cima.
- Com insônia, Vinícius? – perguntou Emília.
- Sim, dona Emília, não consigo pregar os olhos – respondeu .
- O que está acontecendo? O que o fez perder o sono? – Emília indagou, curiosamente.
- Não sei. – mentiu Vinícius – De vez em quando isso acontece comigo. E a senhora, por que está com insônia?
- Pelo mesmo motivo que o seu: não sei! – mentiu igualmente.
Vinícius sentou-se numa cadeira bem em frente à que Emília estava e cruzou as pernas sobre o assento.
- Acho que temos a mesma insônia – aventurou Vinícius – provavelmente o mesmo motivo nos rouba o sono.
- Será? – Interrogou Emília – Acho difícil esta coincidência.
- Que é difícil... é! Mas não impossível, tudo é provável nesta vida, assim eu penso. – Falou Vinícius.
- Concordo com você – às vezes – porém, nem sempre. Que idade você tem mesmo, Vinícius?
- Dezesseis, partindo para os dezessete.
- Idade boa esta. – frisou Emília.
- Posso deitar-me ali naquela rede? – Vinícius perguntou.
- Pode, claro. Por que não? Fique à vontade, você está em casa. – Retrucou Emília.
- Obrigado! – O garoto agradeceu.
Dirigiu-se até a rede, ficou a balançar-se, porém nada de o sono chegar.
- É, o sono hoje está de covardia comigo – Vinícius reclamou – Que coisa!
- Igualmente digo eu. Vou tomar um banho, pode ser que o corpo relaxe e o sono venha. – Emília disse.
-É uma boa ideia, acho que vou fazer a mesma coisa – confirmou o menino – mas vou abrir a torneira bem pouco para que a água não faça barulho e não acorde ninguém.
- Não se preocupe com isso – falou Emília – se quiser pode usar o meu banheiro que fica um pouco mais afastado.
- Posso mesmo? Nenhuma inconveniência? – Vinícius indagou.
- Claro que não! Lá já tem toalha e pode usar meu sabonete.
- Mais uma vez obrigado, dona Emília – outra vez Vinícius agradeceu.
Saiu em direção ao quarto de Emília, retirou a cueca, deixou-a sobre a cama e entrou na suíte, fechando o box. Abriu a torneira e estava a saborear-se no banho, quando Emília da porta indagou.;
- Tudo bem, Vinícius? Está faltando alguma coisa?
- Não, está tudo certo. Obrigado!
Emília sentou na cama e ficou à espera de Vinícius que logo terminou o banho. Enxugou-se e estendeu a toalha, voltando ao quarto desnudo.
- Oh... desculpe! Não sabia que estava aí.
- Tolice! Sua nudez já não é segredo para mim – Emília enfatizou.
- É... mas... de qualquer jeito... fico encabulado. – Respondeu.
- Não fique, isto é besteira. Venha, deite aqui que quero olhar como estão os ferimentos. Posso?
Vinícius não lhe deu resposta, apenas deitou-se sobre a cama com as nádegas para cima.
- Realmente não foi nada demais, nem parece que se arranhou por aqui.- Assegurou Emília.
Totalmente embevecida com a beleza do corpo de Vinícius, Emília começou a acariciar as nádegas do rapaz que nada disse, como se estivesse a gostar do carinho. De repente, Emília se toca.
- Perdão, acho que fui um pouco longe demais . Desculpe-me!
- Nada tenho para desculpar – frisou Vinícius – a não ser pedir que prossiga, estava tão gostoso...
Sem se importar com mais nada, Emília não apenas o acariciou nas nádegas, mas em todo o corpo de Vinícius. Era uma mulher que pegava fogo e estava a soltar labaredas pelos poros da pele.
- Você me encanta, Vinícius – disse Emília – é lindo demais, é muito gostoso...
Envolvida pelo tesão que a consumia, logo estavam ambos num profundo e apaixonado beijo. Vinícius também acendera todos os pontos e latejava volúpia e desejo. Logo Emília estava desnuda e o viço de ambos levaram-nos a uma relação completa em todos os sentidos.
O dia amanhecia quando Emília despertou Vinícius.
- Venha tomar um banho – disse – depois você se veste e volta para a cama em que estava a dormir.
Juntos se banharam, após se vestiram e cada qual foi para sua cama, porém antes Emília pediu:
- Por favor, que isto fique entre nós, apenas.
- Tranquilo. De minha parte, ninguém saberá.
Beijou-a na boca e se retirou.
Só em seu quarto, Emília era toda reflexão: “Que loucura! Isto não pode voltar a acontecer...
Que deslize de minha parte.” Envolta nestes pensamentos, adormeceu.
Quando despertou, ouviu a zoada das crianças já a brincarem na piscina. “Que horas serão?” – Perguntou-se. Olhou para o relógio e os ponteiros marcavam dez e meia. “Ainda bem que hoje é sábado.” – Pensou. Levantou-se, banhou-se, vestiu-se e apareceu na cozinha, morta de fome.
- Bom dia, Zuleide – cumprimentou – que temos para comer?
A serviçal colocou o desjejum que Emília comeu e repetiu. Depois foi para o terraço e sentou-se. De lá pôde observar as crianças na piscina, mas seu olhar buscou, de imediato, Vinícius e este estava a brincar de peixinho na água com Samuel.
Chegou a hora do almoço e antes todos se retiraram da piscina e foram preparar-se para a refeição.
Todos estavam à mesa quando o primogênito chegou.
- Oi, mãe – disse Ralph – cheguei numa boa hora.
- Olá, filho, que novidade boa! – respondeu Emília.
- Estou apenas de passagem, volto logo mais para o quartel e não tenho dia para sair novamente. – Disse.
- Obteve permissão especial para visitar a família? – Perguntou Norma.
- Isso mesmo – falou Ralph – Infelizmente tenho de retornar. Que droga!
Sentou-se e almoçou com os demais. Já conhecia Vinícius, amigo dos irmãos na escola. Cumprimentou-o.
- Tudo bem, Vi...? – Indagou.
- Sim, tudo bem. Melhor agora com você presente. – Vinícius respondeu.
- Legal! Como pode perceber, tenho de voltar, porém dia haverá em que o pegarei no videogame para dar-lhe uma pisa – Brincou Ralph.
- Estou pronto para quando quiser, você é “fichinha” para mim. Provocou.
- Olha, não me provoca...
Todos riram.
Terminada a refeição, os meninos foram outra vez para a sala de som e Ralph estava com eles, todavia Vinícius fora para o terraço e ficou a dialogar com Emília.
- O que houve entre nós vai ficar por isto mesmo ou teremos tudo novamente? – Quis saber Vinícius.
- Minha cabeça fervilha – disse Emília – claro que repetiremos esta noite, estou tomada de amores por você.
- Eu também por você – respondeu o garoto – Foi minha primeira vez...
- Sério? – Emília espantou-se. – Parecia um homem experiente, nem me liguei neste fato.
- Pois é... Eu poderei ser só seu, se assim o desejar. – Vinícius arrematou.
- Pode parecer uma loucura – frisou Emília – é enorme a diferença de idade entre nós, mas a verdade é que me apaixonei assim de súbito... Sim, quero-o só para mim. Você não tem namorada?
- Não tinha... Vinícius esclareceu – agora parece que tenho uma...
- Você se casaria comigo caso seus pais dessem a permissão? – Indagou Emília.
- Sim, eu me caso até agora, se este for o seu desejo... – Respondeu.
Outra vez veio a hora do jantar. Todos se alimentaram bem e Ralph se despedia, triste.
- Tenho de retornar. Dou notícias. Até, cambada! Bênção, mãe?
- Deus te abençoe, meu filho.
As crianças brincaram até quase meia noite. Em seguida, cada qual tomou seu banho e... cama!
Vinícius esperou que todos dormissem e foi para o quarto de Emília que estava ansiosa à sua espera. Despiu-se e se acomodou ao lado da amante.
- Você vai mesmo pedir permissão aos meus pais para casar-se comigo? – Interrogou Vinícius.
- Vou – disse Emília – Falarei com eles semana que vem. Não sei o que eles dirão, porém vou contar-lhes a respeito do nosso amor.
- Será que seus filhos irão aceitar a nossa situação? Eles são meus amigos!
- Não é por causa disso que deixarão de sê-los.- Emília falou.
Mais uma noite de amor. De tudo houve entre eles e ficaram ainda mais apaixonados.
Loucura ou não, Emília e Vinícius estavam dispostos a enfrentar todos os obstáculos e obstáculos existem para serem transpostos.
FIM DA PARTE II