Andamos todos por aqui a puxar carroças:
Uns puxam a carroça carregada,
Outros fazem que puxam, e só a puxam quando vai leve e embalada.
Uns carregam em cima da carroça,
Outros saltam e ajudam a chegar mais depressa a roça.
Uns puxam depressa, e a coisa fica acabada,
Outros fazem que puxam para ganharem muita hora enganada.
Será que andamos todos por aqui para fazer a nação andar para a frente,
Para seremos um país evoluído, e monetariamente equilibrado e competente?
Uns trabalham e precisam de descanso,
Outros pouco fazem, e ainda cansam.
Uns são roubados a puxar a carroça,
Outros roubam esses tais roubados, e ainda são amigos da onça.
Uns têm as dores nas mão dos engenhos
Outros têm graxa nas mãos e nos entranhos (as)
Uns têm as pernas doridas e tropeçam nas feridas,
Outros riem-se e por serem tão engraçados e ainda passarem rasteiras ao desgraçados.
Umas são muito mal pagas, e ainda denegridas,
Outras são mulheres que já se esqueceram de tantas feridas.
Uns são trabalhadores.
Outros são empregados.
Uns são patrões (em cima da carroça),
Os outros são bons lideres de mercados (ajudam a puxar a carroça).
Mas ainda faltam os des (empregados), e os trabalhadores sem emprego
Os reformados que foram trabalhadores e os que ainda hoje são exploradores.
Ainda faltam tantos: os ladrões, os gatunos, os ministros, os corruptos e os aldrabões, esses tantos que se vestem de trabalhadores, mas que tanta falta lhes faz os ditos acabados em "ões".
Cristina Pinheiro Moita /Mim/
Re: A Carroça (1 de Maio de 2014)
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