Poemas : 

Memórias de pedra e cal

 
Memórias de pedra e cal

Depois da entrega na guerra, o que me resta:
Um solo árido para plantar amores.
Sinto a dor mais grave,
Como uma espada a enfiar
Seu incisivo metal em minha carne fria e nua.

Pouco a pouco se esvai o meu espírito.
Faço aqui meu último pedido:
Retenha inteiramente em meu peito
Esta tamanha e incontrolável vasca,
Ó poeta insano das noites tenebrosas!

Algumas pás de terra e uma existência esquecida.
E sei que nem pranto haverá
Sobre o pó que me cobre o corpo extenuado.
Restarão do poeta apenas
Fúnebres memórias de pedra e cal.

(Marcos Fernandes)


Marcos Fernandes

 
Autor
Marcos Fernandes
 
Texto
Data
Leituras
1196
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
19 pontos
5
3
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
RayNascimento
Publicado: 30/04/2014 13:47  Atualizado: 30/04/2014 13:47
Membro de honra
Usuário desde: 13/03/2012
Localidade: Monte Roraima - tríade fronteira Brasil/Guyana Inglesa/Venezuela - - Amazônia - Brasil
Mensagens: 6573
 Re: Memórias de pedra e cal
Loas dou-te poeta
De boas vindas,
Um poema lapidado
No mais gélido mármore.
Ray Nascimento
Open in new window


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 30/04/2014 15:34  Atualizado: 30/04/2014 15:34
 Re: Memórias de pedra e cal
Seja bem vindo poeta!

Parabéns pelo excelente poema!

Gostei imensamente da tua forma de escrever!

Beijos,

Anggela

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 30/04/2014 17:19  Atualizado: 30/04/2014 17:19
 Re: Memórias de pedra e cal
Lindas palavras que se restauram nesse belo pranto

Enviado por Tópico
RayNascimento
Publicado: 06/05/2014 12:59  Atualizado: 06/05/2014 13:48
Membro de honra
Usuário desde: 13/03/2012
Localidade: Monte Roraima - tríade fronteira Brasil/Guyana Inglesa/Venezuela - - Amazônia - Brasil
Mensagens: 6573
 Re: Memórias de pedra e cal
Na guerra se vive
E parece que nunca acaba
Um deserto de dores
Um plantar amores
Um punhal cravado na própria carne
Como um diamante a ser lapidado
Na mente que jaz na demência dos dias...

Na ânsia permutada do prosseguir
Sigo estando sempre amando
Como cordilheiras
De amor que nunca cessa
Numa insanidade que completa
A força infinita de amar...

Ao adentrar ao útero da terra
O poeta sucumbo fenece
Em memória grafadas
No mais gélido dos mármores.

Ray Nascimento

Open in new window