- A Descrença -
Ante o peso da idade, frente ao oratório,
triste-mãe a do Poeta, fixa o olhar, entoa uma reza!
Pobre, fria, tremula, ornada de velório,
permanece junto à Cruz que lh’alimenta essa tristeza ...
E enquanto se entrega à oração,
a pobre velhinha sente passos pelo chão, outra presença...
Vira o rosto e vê seu filho - Camões! Pobre Coração!
Que não suporta a Emoção, que se esvai pela doença ...
"- E Catharina minha mãe?! " Pergunta o amante.
A Velha estremeceu e respondeu a soluçar:
"- É Morta meu filho!" Que pálido instante...
O Poeta espera e desespera! Mata o Coração!
E de joelhos, prostrado, entre escolhos a soçobrar,
grita aos pés da Cruz:"- Jamais terás o meu perdão!!!"
Ricardo Louro
no Chiado
Ricardo Maria Louro