Poemas : 

Quando as figuras ficam indistintas como os nevoeiros cerrados cobrindo vales sós Brado da cegueira

 
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Qual a cor do silêncio ou o sabor do vento alísio invadindo o salso reino em azul (ou em verde e cinzento ou em outras cores quaisquer que sejam elas)?
O tempo a passar.

Há quem lhe chame de ventos as Visões
Quando as figuras ficam indistintas como os nevoeiros cerrados cobrindo vales sós

Brado da cegueira
Clamo sacrifícios suicidas purificadores
Bajulo céus Marés longínquas

Qual redenção
Te transporta além daquela linha
Sempre transparente escondida pelas madrugadas insones?

Sei que fitas as cores do arco-íris escondidas pelas níveas Nuvens
Onde habitam as aves cansadas das distâncias brutais
Sei que pintas alguns dos sonhos repetidos cansados
Como se não existisse mais nada em volta
Nem as pedras

Nem os trilhos de outras pegadas.

Em vão tento esquecer-me de mim
Esquecer-me de ti
Esquecer-me deste mar (ou mesmo amar que seja)

Em vão apenas tento esquecer
Sim

Das tantas mortes todas as que me lembro
Piores que o sangue por onde se afogam vazios sentidos
Homens sem o leme.

(I)

Ao longe bem longe
O Mar em teus olhos
Calmo como à deriva dos destinos das rotas dos desejos

Erguem-se mil cousas por perto
Pelo poente.

Preciso partir
De mim.

(II)

(Do sonho que já não pertence
a mais ninguém).


(Ricardo Pocinho)


"Floriram por engano as rosas bravas
No inverno:veio o vento desfolha las..."
(Camilo Pessanha)

http://ricardopocinho.blogspot.com/
ricardopocinho@hotmail.com

 
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Transversal
 
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Enviado por Tópico
Maryjun
Publicado: 29/04/2014 18:58  Atualizado: 29/04/2014 18:58
Membro de honra
Usuário desde: 30/01/2014
Localidade: São Paulo
Mensagens: 7163
 Re: Quando as figuras ficam indistintas como os nevoeiros...
Olá amigo,

Parabéns,
um texto intenso
e profundo.Belíssimo!!

Mary Jun


Enviado por Tópico
Jmattos
Publicado: 29/04/2014 19:19  Atualizado: 29/04/2014 19:19
Usuário desde: 03/09/2012
Localidade:
Mensagens: 18165
 Re: Quando as figuras ficam indistintas como os nevoeiros...
Poeta Transversal


Sei que pintas alguns dos sonhos repetidos cansados
Como se não existisse mais nada em volta
Nem as pedras

Nem os trilhos de outras pegadas.


Poema belo, mas inquietante! Adorei a leitura!
Beijos!
Janna


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 29/04/2014 19:44  Atualizado: 29/04/2014 19:44
 Re: Quando as figuras ficam indistintas como os nevoeiros...
Sempre agradável ler seus poemas, caro Poeta!

Tantas imagens! Tantos desafios! Tantas "verdades"!


"Há quem lhe chame de ventos as Visões
Quando as figuras ficam indistintas como os nevoeiros cerrados cobrindo vales sós "



Por fim... tantas viagens!


Obrigada pelo deleite e meus parabéns!


Um abraço,


ALICE


Enviado por Tópico
RayNascimento
Publicado: 29/04/2014 20:26  Atualizado: 29/04/2014 21:27
Membro de honra
Usuário desde: 13/03/2012
Localidade: Monte Roraima - tríade fronteira Brasil/Guyana Inglesa/Venezuela - - Amazônia - Brasil
Mensagens: 6573
 Re: Quando as figuras ficam indistintas como os nevoeiros...
A cor da paisagem
Tingida pelo teu silêncio
Que rasga a pele do poema
No escrever no som do papel
Que tento aprender...

No trilho infindo
Que me leva depois
Daqueles versos
Molhados no tinteiro
Riscado de sol...

Nas brancas nuvens
Que impera o algodão
Dedilhado pelas tuas mãos
Que embriagam-me em ti...

Desfilando pela força
Nas tuas letras
Que tiram do abismo...

Lançando no azul do poema
Vislumbrando a cena
Que acena a ti
Quando tu acenas
Nas imagens criadas
No quadro mental...

Onde habita o incolor
Transparência incontida
Na emoção que não cabe
No coração e derrama
Pelas pontas dos dedos
No castelo de sonhos
Tingidos de sol
Na cor da saudade...

Ray Nascimento


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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 29/04/2014 20:42  Atualizado: 29/04/2014 20:42
 Re: Quando as figuras ficam indistintas como os nevoeiros...
Preciso partir
De mim.

(II)

(Do sonho que já não pertence
a mais ninguém).


Há sonhos tão nossos aprisionados no silêncio que reflete a cor... a dor.. o tom... há sonhos não mais vistos, sentidos descritos... há sonhos que ancoram no mar do infinito... há sonhos cinzas, coloridos, tintos... rsrsrs divaguei sempre belo, e há sonhos com cor de sol! Muito lindo poeta, admiro-te sempre!


Enviado por Tópico
Migueljaco
Publicado: 29/04/2014 20:59  Atualizado: 29/04/2014 20:59
Colaborador
Usuário desde: 23/06/2011
Localidade: Taubaté SP
Mensagens: 10200
 Re: Quando as figuras ficam indistintas como os nevoeiros...
Boa noite Ricardo, é da nossa natureza,correr atrás do que nos apetece, mesmo tendo ciência dos mais dificultosos entraves para nos coibir o alcance de tais elementos ou fatos, porque para o nosso ser sepultar algo que ainda alimento os nossos desejos, é profundamente pesaroso. um forte abraço, MJ.


Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 30/04/2014 02:03  Atualizado: 30/04/2014 02:03
Membro de honra
Usuário desde: 25/01/2009
Localidade: Pouso Alegre - MG
Mensagens: 18598
 Re: Quando as figuras ficam indistintas como os nevoeiros...
um tanto triste esse. mas de uma beleza serena.
um sonho no nevoeiro que calmamente se torna visível
mesmo que de ninguém. perfeito. obrigada