Jamais sei tramar a última vez... jamais!
Por que hei de ser assim, cuidar que volto,
quando bem sei que não haverá volta?
Quando... sim, quando é que eu vou
aprender a tramar uma despedida
de um lugar assim, tão misterioso
quanto a fundura sem fim de uns olhos?
Quando aprenderei a cortar o beijo
e a me evadir da ternura de um abraço?
Quando vou, é aos pedaços que eu vou —
fratura da partida que rebenta no peito
no bater descompassado do coração!
E no entanto, eu sei, sabemos todos,
que é forçoso já tramar a última vez...
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[Desterro, 23 de abril de 2014]