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Re: Uma canção no deserto p/ Odair
olá Odair, também lhe agradeço a consideração e a reflexão ao meu comentário…vou deixar-lhe o meu ponto de vista sobre deus, sendo ele, a resposta à sua pergunta final.
em primeiro lugar, apenas uma consideração sobre a bíblia, ou outro qualquer “livro sagrado” que sirva de manual de conduta, directriz ou de salvação das almas...tudo o que vem escrito nesses livros, é tão verdade como aquilo que vou escrever a seguir, a diferença está no numero de leituras e de pessoas que acreditam...
se colocarmos de lado todos esses livros e as verdades neles contidas, que apenas servem as diferentes religiões, e estas funcionam como elementos desagregadores, factores de divisão, onde cada grupo de seguidores acredita em algo diferente do outro grupo de seguidores, cada grupo acredita na verdade vendida pelo seu livro, ou na interpretação difundida pelo seu pastor, cada um com a sua verdade…e parece-me que não pode haver varias verdades sobre a mesma coisa…se olharmos para fora de nós com os olhos que temos cá dentro, conseguiremos observar a verdade (como criadores da realidade, a verdade tem que estar também dentro de nós e está)...
deus está em todo o lado…sim, sabemos agora que tudo é energia, tudo é um aglomerado de energia com maior ou menor densidade, tudo, desde o universo, as galáxias, estrelas, os planetas, tudo, este plano e os outros, as varias dimensões...e não será deus esta energia, que é tudo e que em tudo se manifesta através da sua consciência? Penso que sim…tudo o que existe, não é mais que deus a experimentar-se a ele próprio...tal como o poeta, experimenta-se, experimenta a sua criatividade através do poema, deus experimenta-se através de tudo, somos todos poemas de deus...
se deus está em todo o lado, se ele próprio é tudo o que existe, incluindo cada um de nós, o que aconteceu então com o homem, com a raça humana, o que aconteceu com a nossa humanidade? bem...separação foi o que aconteceu...deus ao experimentar-se a ele próprio na forma humana, “à sua imagem”, dotou-nos da sua criatividade, da sua consciência (total, una), do seu entendimento, da sua capacidade de criar...e nós criamos...utilizamos essas ferramentas para criar e para tentar entender a realidade e o nosso papel...é nessa tentativa de entendimento que então surgem dúvidas, quem somos, qual o nosso objectivo, o nosso papel no meio de tudo isto, e na ânsia de encontrar respostas que preencham este vazio, entendemos muito criativamente, que se temos duvidas sobre quem somos, é porque somos algo diferente, separado do resto, então da consciencia de deus, criamos consciência de nós próprios, e surge assim, da dúvida, o individuo separado da sua essência, de deus, mas com isto surge também um sentimento de culpa, a culpa inconsciente dessa separação, um tal de “pecado original” e posterior "expulsão do jardim do édem" (a separação de deus)...e quem melhor para alimentar este novo individuo do qual tomamos consciência, e para compensar o consequente sentimento de culpa, senão o ego, que nasce também nesse mesmo momento…
somos vitimas de nós próprios, de mais ninguém, vitimas da nossa separação de deus, do nosso ego...caminhamos através dele, ego, pelo encantamento que nos provoca...essa sensação de individualidade, de parte, só pode continuar a existir se for constantemente alimentada, e nisso o ego é mestre, coloca-nos à frente tudo o que nos vai compensar de alguma forma, do sentimento de culpa da separação, e queremos constantemente mais, cegamos de egoísmo, de individualidade, e tudo se reflecte depois em escala maior, ao nível dos países, das religiões, mais separação e consequente conflito, guerra...e caminhamos a passos largos para destruição de tudo o que temos de mais importante, a nossa criação, a nossa realidade e o lugar onde nos experimentamos...
deus não tem propriamente um plano para o universo, para o mundo, não tem um plano para cada pessoa, ele é o plano, ele é a origem, o caminho e o destino em cada um de nós...então qual o papel de deus na nossa salvação? o filho de deus apenas veio ao mundo para nos relembrar o caminho, para nos indicar a direcção, (outros ainda que chegaram também a esse entendimento e nos deixaram a mensagem) no entanto, é dentro de nós que reside a verdade, pois não somos mais que manifestações de deus, ele está em cada um de nós, a lutar com cada um de nós, contra os nossos egos de todos os dias...como? Através do amor, que é a palavra, e a sua ferramenta...em cada situação, em cada acontecimento da nossa vida, há sempre duas atitudes que podemos ter, duas hipóteses para experimentá-las, com amor, ou com o ego...e eu já fiz a minha escolha...abraços
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