a Loren estava in
baixou a alça ao sonho, deixou à mostra um raio de lua
teve na ponta da língua um verbo e um impropério
e sem que ninguém esperasse, tombou como que clave
no hemisfério da banda, que no salão, numa espécie de fosso
era apenas bola de sabão
depois, alçando-se sobre um trecho musical, viu um homem
beijar-lhe as teclas que o piano do seu corpo denunciava
mas não se via na faiança dos sorrisos mais ternos
apenas se conseguia sentir nas mãos armadas da dança
querendo partir ao meio a dor, ficou
cambaleando entre não saber como dizer
e amestrar um raio de sol no peito por abrir
podando o destino com um beijo de espinhos
como que esperando o sangue cair
o homem que nunca a amou, perguntou-lhe fundo
se no preço do serviço, lhe podia armar uma tenda
ser palhaço de circo, imitação de Harold Flynn
respondeu-lhe silenciando o silêncio, num silêncio profundo
e deixou-se levar como Loren in