Tenho medo da luz, apavora-me a luminosidade do dia,
encerrado em corpo morto, a noite alegra me o ataúde.
Ser maldito no mundo, sob a escuridão do céu noturno,
o doce olor do sangue fresco restaura-me as forças.
Num sobrevoo obscuro arrebanhando perdidas almas,
somente nas sombras, alimenta-me o medo humano.
Não tenho coração, nem temores, pois nada me oprime,
mesmo que não possa ver o sol no romper de um dia.
Não me lembra quando, nem onde nasci, se um dia amei,
não tenho recordações de quando um dia ainda vivia;
ser diferente dos mortais alimenta anseios e cobiça.
Passam-se os anos, nas madrugadas perambulo pela névoa,
sem nenhuma emoção apenas querendo provar do alimento,
longe da luz do sol que faria de mim um punhado de cinzas.