Gente inocente
Anda pelas ruas
Debaixo de chuva,
Sob o sol,
Em retas e curvas
Ou em pleno arrebol.
O mundo é livre
Para sonhar fantasia,
Curtir enfado e nostalgia,
Mas ninguém vive...
Pesadelos e atrocidades
Mistificam centros urbanos,
Traficam-se gestos desumanos
E a vida é utopia da verdade...
Balas perdidas trazem medo
Constrangendo a liberdade
Do ir e vir de qualquer cidade,
Pois violência já não é segredo...
Gente inocente quer viver,
Correr pelos campos,
Cantar nas esquinas,
Beber água de coco,
Dormir ao relento,
Namorar pelas praças,
Ver o dia amanhecer...
O mundo é livre
E o povo é prisioneiro
Das tempestades sociais,
Das procelas ambientais,
Por isso sobrevive em cativeiro...
Saudosos são os ancestrais
Que saborearam da vida
A ingenuidade e a doçura
E mesmo sem aparelhos digitais
Compartilharam sem loucura
De uma existência sem declives
Em que o amor era razão e alvitre...
Apesar de tudo... o mundo é livre!