Claire,
Escrevo-te de um estado onde nunca pensei voltar a estar. De um desespero que não consigo mensurar, de um "sítio" que não sei onde fica.
Minha querida, como me arrependo de não te ter dado ouvidos. Estavas certa. Outra vez.
Avisaste-me que chegaria a uma altura que iria precisar deles e que não estariam cá. Avisaste-me que nessa altura iria entrar numa espiral com sentido descendente e que eles iriam apenas ficar a olhar enquanto eu me espatifava no chão... e que nem se importariam em suavizar-me a queda. Tinhas razão.
Voltei a precisar do apoio deles e não o recebi. Sinto-me perdido e eles nem se preocupam em tentar ajudar! Mas eu sempre os defendi, eu sempre tive lá para eles. Só precisavam de estalar os dedos e eu estava lá para ajudar. Custasse o que custasse. Implicasse o que implicasse. E, olha agora... o para-quedas não quer abrir e vou em direcção ao chão. E eles nem perdem o sono com isso...
Mais uma vez tinhas razão, Claire. Tinhas razão.
Mas tu conheces-me e sabes como isto vai acabar. A queda vai doer, mas em breve volto a escrever-te.
Adeus Claire.
Do sempre teu,
António
«O amor é forte como a morte e duro como o Inferno.»