O MAL QUE O MAR TE FEZ
Vieste um dia ao mundo,
Como tanta
Criatura sem sorte, cuja luta
Congela a dor; p pranto, na garganta;
Não desabafarás? Ninguém te escuta?!
Contra a muralha agreste do destino,
Já nem mais forças tens para lutar!
Na tua solidão, qual peregrino,
Murmuras que o melhor é acabar!...
Caíste facilmente na cilada,
Cujos efeitos vais chorando, em vão.
Por quem me substituiu não és amada.
Faz-me feliz quem tem meu coração!
Aumentam, desde então os teus problemas,
Que agora não consegues resolver.
Se a vida não é feita de poemas,
Por ti já nada mais posso fazer!
Dizendo não querer ser-me pesada,
Comodismo? Talvez falta de amor!
Longe, eu não te servia para nada!
E agora?! Sofres triste dissabor!
Rasgava o barco, lento, aquelas águas:
Ficavas; eu partia; que aflição!
Nem sei como couberam tantas mágoas
No meu amargurado coração!
Pouco tempo bastou para ter fim
O romance que unira as nossas vidas!
Nunca mais te teria junto a mim!
São minhas ilusões, folhas caídas!
Passei o mar; então me conheceste!
Incautos, ignorámos o pior!
Tua imprudência trouxe o que sofreste
Depois que terminaste o nosso amor!
Ao ler as tuas cartas, tão vibrantes,
Vejo quanto padeces, tão sozinha!
Se te quisesse agora, como dantes,
Seria uma incoerência: não és minha!
Eu sempre imaginei que tal viagem
Seria o fim de tantas ilusões!
Não foste igual: a falta de coragem,
Não te vez esmagar oposições!
Fiquei muito feliz: tenho o meu lar,
No qual dou e recebo muito amor!
Para ti foi carrasco aquele mar,
Que em vez de mim, te deu tristeza e dor!
Para que te serviu o casamento?
Sabê-lo-ás, melhor do que ninguém.
Ficaste unida por um juramento
A quem não é capaz de amar alguém!
Lá vai dilacerando a tua vida,
Com ares de mandão autoritário.
Em cada dia, mais enfraquecida,
Vê-se o teu caminhar para o calvário…
Vejo que ele não sabe ser amigo:
Só quer todos lançar na escravidão!
Que triste escolha a tua. Esse castigo
Congelou-te demais o coração!
Nascido nesta terra, o teu marido,
Comigo atravessou também o mar.
As aventuras que diz ter vivido,
Melhor seria nunca se casar!
Como os demais, terá esse direito;
Mas, desgraçar-te assim, isso é que não!
Prometeu-te carinho, amor, respeito,
E conseguiu que fosses no balão…
Mas se se arrepender, e for possível
Retrocederem, para bem dos dois,
Embora me pareça quase incrível,
Melhores dias possam vir, depois!
E como acreditar quem nos engana,
E nos vai maltratando, a cada hora?
Exausta, pensarás, porque ès humana:
-não posso mais com isto! Vou-me embora!
Conselhos destes nunca te darei:
Não sei se te fariam mal ou bem!
Se até agora, sempre te apoiei,
Irei manter-me assim, mais que ninguém!
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visitante |
Publicado: 15/01/2008 17:30 Atualizado: 15/01/2008 17:30 |
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Re: O MAL QUE O MAR TE FEZ
Parabéns amigo Francisco. h@p
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