Estou enfermo.
Choro minha angústia.
Sufoco minha essência
Na linha desértica da ciência
E naufrago meus pensamentos
Por mares jamais velejados...
Estou triste.
Pranteio desilusão.
Meu elo com o cosmos
Partiu-se. Enferrujou-se.
Meus olhos buscam o sol
Numa ótica de todos os lados,
Mas para minha decepção
Vislumbro o sol quadrado...
Estou nostálgico.
O silêncio me devora
A chuva não vai embora
E o céu estrelado que é azul
De repente fica incarnado
Criticando meus pecados
De homem simples, talvez sisudo
Perante as framboesas da modernidade...
Estou faminto, sedento...
Meu íntimo quase enguiça,
É a inevitável preguiça
Que me faz adormecer cansado,
Suado, descrente de tudo...
Contudo a mente trabalha,
Busca verdades infinitas
E então surge a lua,
Redonda, branca, destemida...
E eu o que penso?
Apenas durmo ressabiado,
Consciente de que tudo isso
Que se pinta, que se ilude
É o tempo que se aproxima
Do final da estrada, do ataúde...
Tudo isso é a vida!