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Na natureza,
na coisa como é,
só que de outro jeito.
O poeta quer uma lupa
de ver mundo
ao seu modo.
O céu sobre todos,
os olhos do poeta, único.
Ninguém vê a lua como a vejo.
E mesmo que não houvesse mais nada
a se falar da lua,
ainda assim,
seria o poeta,
guardião do último segredo,
da última metáfora lunar.
Às vezes planetas,
outras estrelas.
No mar,
também estrelas
e imensidão.
Se chove,
é maré, é choro.
No chão,
em terra firme,
poeira e pétalas,
flores.
Às vezes se deita na grama
para um haikai ou anagrama.
O poeta é o filtro de carne
por onde passa o pó
da experiência
com água quente
da percepção.
Fé no café.
O aroma também inspira.
O cheiro negro tomando a casa
colorindo o espaço de manhã,
de acordar.
Manhã do sol,
no céu...
Na natureza.
Na coisa como é,
só que de outro jeito.
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