Às vezes, estou triste,
sinto-me esquecido,
abandonado por todos,
como habitando câmara secretas
de antigos santuários,
uma pilha de ruínas,
Sussurrando apenas,
os lábios sem sangue:
é impossível levantar-me
das cinzas dos templos.
E então tenho que imaginar
algum lugar lá fora,
no imenso azul das alturas,
uma voz altissonante, apaixonada,
sobrepondo-se ao luto do mundo
No coração uma chama poderoso.
deseja uma palavra antes da madrugada ...
Diz-me que tenho que fazer minha voz ecoar
acima das alturas da montanha,
perder-se na escuridão da meia-noite,
anunciar a proximidade do amanhecer.
Mas só tenho mausoléus e tempos
de tantas angústias e melancolias.
Os dias se quedam em tristeza, em segredo.
Nas profundezas escuras dos templos,
só posso queimar em silêncio, na solidão mergulhado.
De arrebatada figura,
sou altivo, sou forte,
não carrego lutos e mágoas,
até um dia enganei a morte,
na sua faina de colher almas
e renasci.