Minha linda! Nosso caso, o meu amor, o nosso amor, assemelha-se a um poema trágico. Às vezes, temo pela sua arrogância, essa mania de sumir e aparecer outra vez, encadeando separações e retornos que já se tornaram tão banais nos últimos anos.
Somos duas pessoas ligadas por alguma coisa não explicada. Duas almas num relacionamento absurdo, incompleto e inacabado, tumultuado e tenso, sob rajadas de brigas e seus impropérios, alternando alguns raros momentos de puro prelúdio.
Após o terceiro ano, não estranho mais a sucessão de partidas e retornos, louvo a comunhão de reveses como sina a aceitar. Incrivelmente, sinto-a ligada pela separação, pelas repetidas perguntas sem respostas e pelas respostas evasivas ao que jamais perguntei. Dúvidas e tentações de lado a lado, mas ao final, cada qual em seu lugar, sem se importar. Creio mesmo que somos ligados como uma dupla de entes celestiais. Você e eu, lua e sol.
De arrebatada figura,
sou altivo, sou forte,
não carrego lutos e mágoas,
até um dia enganei a morte,
na sua faina de colher almas
e renasci.