“ Gente, que de brilhante cor se pinta
Vemos, que a tardo passo em torno andava;
Chorava e em forças parecia extinta.
Capa e capuz trazia, que ocultava
Seus olhos, dessa forma de vestidos
De Colônia entre os monges mais se usava.”
A Divina Comédia - Inferno - Canto XXIII
##44.
Parece-me estranho, soe ser mais que emoção terna,
mas entre a penumbra e o sol, há um telhado de lua.
Como nos mistérios da luz que a onda quebrou eterna,
não há tristezas naquelas melodias das cigarras da rua.
Quando imagino que ninguém pode dirigir com os dedos
mantendo as mãos presas em fundo silêncio comiserado,
volto a ver imagens como num sonho, ondas e segredos
os mesmos de quando um dia caminhei na noite enlutado.
Cativo da espera cheia de desejos, agora é o momento,
auspicioso anelo: o cálice da lua flava também sedento,
sabendo que diáfana bailava, mesmo sofrendo por amor.
No brilho áureo em profundidade, ecoava a minha alegria,
os flashes espocavam a partir do telhado, o desejo ardia;
nos ecos do coração, mãos trêmulas do eterno sonhador.