Perdeu hora, chegou tarde, só apareceu,
bem depois que o dia escureceu,
quando recrutas sorridentes acatavam denúncias
nas latrinas das casernas.
A siderúrgica estava desligada
metalúrgicos bloqueavam o forno
enquanto o zelador bebia cachaça
guardando estrelas na noite vazia.
No quartel, último clarim soou,
chamando pessoas para missa,
ressaltando a importância dos serviços portuários
para um País de condenados;
propiciando facilidades
às pessoas que decidam deixar os lares.
Quebra gelo armazena ondas capturadas,
presas na escura de alça de latão,
seguras por fechos e correntes
atendendo chamados insistentes.
Não restou nenhum lugar no viaduto
para transeuntes na escuridão,
paredes de tijolos à vista absorvem o silêncio
ecoando pelos elementos vazados
assentados na frente da parede.
Chuva fina e fria abatia sobre o corpo desnudo
das águas vivas cantando altissonantes
em coro atrás da cerca de madeira,
carneiros encharcados assobiavam
percorrendo os quatro cantos do mundo
graduando-se em ciências ocultas
podendo todos eles ver através da janela,
através das placas de acrílico
ou mesmo de uma parede de tijolos.
Com o vento, folhas balançaram,
o castelo começou a tremer,
na borda da folha queimava a vela;
o limite da luz tende à escuridão
quando a matriz é quadrada,
pois logo começou a chover.
Correria para bares e toldos,
trazendo ondas de visível melancolia,
balançando a ordem dos elementos,
alternando água, fogo, terra e ar,
na parte inferior dos bordos das pétalas
quando tudo acontece na praia deserta,
longe, muito longe do mar aberto.