Numa cidade e rua anônimas,
Um homem sem pressa, anônimo,
Acende um cigarro pro homem anônimo:
Homens não se conhecem anônimos.
Chuta uma estrela, anonimamente,
E corre pela rua calma e anônima,
Atravessando esquinas anônimas,
Busca um lar ou um jardim anônimos.
Guarda na canela distâncias anônimas;
No coração leva amores anônimos,
Como quem guarda ouro na terra, anonimamente.
E beijos profundos, universais, todos anônimos.
Calam num canto da sala, anonimamente,
Como quem lapida pedras anônimas
São flamas que incendeiam anônimas,
Ventos silenciosos tudo leva, anônimos,
E uma América destrói a estrada real, anonimamente.
José Veríssimo