Tudo aconteceu há muito tempo,
fazendo-nos rir de tudo,
com exceção da solidão
nos derradeiros acordes da melodia;
arrisquei gaguejar pergunta idiota,
sobre o destino dos sonhos
havidos num filme de Chaplin,
muitas vezes mentalmente repetido.
Sabia que era preciso manter inseparáveis,
coragem, morte, glória e êxtase,
como trilha sonora de filme mudo.
Você sempre diz que depois do ocaso,
ao voltar para casa tudo que hesita
vai fazer sentido como no futuro;
reencontro marcado no passado remoto
através de bilhetes em papeis azuis.
Sempre há que se considerar
na carestia, a geada nas vidraças
embaçando o vitral da cabine
da prostituta de Amsterdã livre,
sem saber o nome daquela rua
onde ficavam os bordeis em Bancoc.
Altaneiros muros de pedra assentados
em creme de leite aveludado
poderiam cair do teto de cristal
sobre a poeira lavável do mostrador,
lustrando a planta ao lado do gramofone
nos nossos melhores sonhos e momentos .