Tinha a certeza que a cada noite você vinha,
e achava que havia encontrado a felicidade...
Ledo engano meu.
Um vez, a noite não mais voltou.
O sol não se pôs e não surgiu o luar.
Era só o dia eterno,
e eu não podia mais sonhar.
Não havia mais nenhuma alegria
no peito desesperado.
Nem mais sonhos
no olhar embaçada e frio.
Olhos sem luz, olhar vazio.
Os meus olhos, o meu olhar,
o meu sofrer…
De repente, como num milagre,
minha linda, em noite se transformou.
Um manto formado dos seus cabelos negros
cobriu a luz do sol,
e a noite se fez outra vez…
Os seus olhos faiscaram,
ofereceram chuvas de luz
da qual se formaram milhões de estrelas
que se penduraram no céu antes escuro.
E os enamorados já podiam amar...
Por final, de sua voz,
nasceram canções em louvor ao luar,
serena silente e pálida lua,
como figura de mulher nua,
velando o céu.
Então, todo o mundo podia cantar.
No meio de tanta alegria,
meu peito também cantou,
minhas lágrimas sumiram
e todo o meu ser se encantou naquela felicidade.
Mandei embora a saudade,
não, não a deixei ficar.
De arrebatada figura,
sou altivo, sou forte,
não carrego lutos e mágoas,
até um dia enganei a morte,
na sua faina de colher almas
e renasci.