Estamos preparados: as casas robustas,
Têm paredes postas na pedra e bem cobertas.
Esta terra seca nunca nos perturbou
Com feno, assim, como pode ver, não há medas
Ou montes que possam perder-se. Nem há árvores
Que nos façam companhia ao soprar violento
O vento: sabe o que digo – folhas e galhos
Entoam um coro trágico no vendaval
De forma que você escute ao que teme e
Esqueça que ele também golpeia a sua casa.
Não há árvores, nem abrigo natural.
Você pensaria que o mar é companheiro,
Explodindo tranqüilo abaixo dos penhascos,
Mas não: quando começa, os borrifos atingem
As janelas, cospem qual gato manso feito
Selvagem. Abraçamo-nos enquanto o vento,
Invisível, atira. O espaço é uma rajada,
Somos bombardeados pelo ar vazio.
Estranho, o que tememos é um enorme nada.
Brendan Kennelly, poeta irlandês, In: A time for voices. Tradução: Marcelo Tápia.