Como o meu peito em chamas
o firmamento se incandesce,
e talvez compreendendo a minha dor,
o céu vai se enrubescendo,
até que corado, ruboriza-se por completo.
A brisa suave da tarde
embala gorjeios de pássaros,
até que finalmente
os últimos reflexos daquele fogo que ardeu,
se apaga na linha do horizonte
anunciando que chegou a noite em minha vida,
que viverei para sempre
na escuridão da sua ausência,
longe do fulgor dos seus olhos verdes,
longe do seu corpo, do seu calor.
Sei que estou sozinho agora.
E nunca mais, nunca mais,
meus versos serão para você,
para dizer que estava tão linda,
como o espetáculo que a natureza
proporciona a cada entardecer,
quando disse aquele adeus.
De arrebatada figura,
sou altivo, sou forte,
não carrego lutos e mágoas,
até um dia enganei a morte,
na sua faina de colher almas
e renasci.