Passa o vento p'las arcadas da Cidade.
Canta a Lira. Minh'Alma triste, silenciosa,
eleva ao respirar, versos frios, sem idade.
Tão longe me vai a mocidade Gloriosa ...
Passa o Tempo! O Tempo passa!
Foi-se a Primavera, vai-se o Verão,
a caminho do Outono, esmorece a graça,
Inverno, frio, velhice, solidão ...
E minh'Alma paira em tédio fundo
ao sentir viver este abandono
na longa indiferença deste Mundo!
Perdão, Senhor, se não cheguei à tua Paz,
ainda assim, que toque a Lira em meu Outono,
e em meu Inverno, me vá morrer no regaço de Monsaraz!
Ricardo Louro
na Praça do Geraldo
em Évora
Ricardo Maria Louro