Sinto uma tristeza destituída
De toda vontade suicida;
Tenho vontade de muito viver
Ou de nunca ter tido vida;
Porque, uma vez tendo eu nascido,
Minha vida ama à Vida
E eu não sei o que fazer da vida.
Essa água sem sabor
Terá valor ?
Ingiro-a como um castigo,
Como um prêmio, ou, quem sabe,
Como um delírio ?
II
Minha mente vibra em padrões.
Seus padrões eu sinto pensamentos:
Ter pensamentos me agrada, mas
Pensamentos são apenas padrões.
E eu, o que sou, o que me agrada,
Para além dos agrados padronizados ?
III
Sou máquina de tempo e vida,
Um brinquedo posto a andar;
Que faz o que foi feito para fazer,
Mas longe bastante de saber por quê;
E se diz: “Não há porquê.
O porquê é o Prazer”.
Porém o Prazer, tão variável,
Tão discutível sentir,
O Prazer, tão impalpável,
Será mais que maneira de mentir ?
Eu me assino na areia fina dos dias, escrevo minhas letras poemas que são plumas perdidas na densa atmosfera das eras.
Não assino versos eternos:
eu me contento com rimas que sirvam para agora. Almejo prosas que encantem, uma escrita-roupa que nos vista