Não entendo a razão
Do desatino dos ventos,
Que teimam em se fazerem vendavais
Arrastam tudo que têm pela frente,
Levam até sentimentos puros
Que na brisa serenavam
E se aconchegavam no recôndito da alma!
Não entendo a razão
Deste soprar desenfreado e intempestivo,
Que sufoca o peito das tardes calmas,
Esmorece a alegria do sentir
Das noites românticas do luar!
Não entendo a razão
Desta tempestade imprevisível,
Que se solta louca, como borrasca,
Arrepia-nos a pele, num angustiante frio,
Comprime o peito numa dor calada
E nos desalenta em pensamentos vazios
Perdidos em marés de dúvidas!
Não entendo a razão
Porque o amor é tão complicado...
Por razões que a razão não entende,
Perdem-se instantes de felizes momentos,
Porque ervas daninhas, pequenas,
Surgem inesperadas e inocentes
No jardim florido
Da paixão e do bem amar.
José Carlos Moutinho