Observo uma estiagem de amor sobre a terra,
A chuva refugiou-se entre nuvens e mormaço,
Sentimentos que não afloram, parecem de aço
E a vida é intenso enigma que nos atropela.
A dor é massacre que veste uma arena seca,
O orvalho cambaleia entre planícies e planaltos,
A última lágrima evaporou-se ao cair no asfalto
E na oficina da vida não há remorso que rejuvenesça.
O pássaro quando canta extravasa sua tristeza
E na natureza tétrica espera-se que tudo pereça
Mediante holocausto do último suspiro da agonia...
Na salinidade marinha peixes sofrem de pressão alta,
No cosmos os astros apagaram as luzes da ribalta
E o universo se afunila no estertor da utopia!