Não sei que escrever
Sinto que vou desfalecer
Esgotei toda a energia
Criando mais uma fantasia
E quem me vê assim frustrado
Sabe o quanto isso é complicado
Tal como complicado foi meu passado
Sempre na amargura arrastado
Não sei que mais falar
A voz custa a chegar
Amordaçada sem razão
Presa num abismo por um grilhão
Invejo as aves no céu
Celestiais como um véu
Que ondula sem parar
Cobrindo a face do olhar
Volto a tentar escrever
Depois da pausa para sofrer
Liberto das néscias emoções
Que condicionavam as decisões
Percebo que é tarde demais
Que perdi para os demais
O que demais me fazia sorrir
Agora que nem consigo dormir
São insónias malditas
Ou apenas horas benditas
Que passo a contemplar
Tudo em redor com o olhar
Podia aproveitar para criar
Algo que nunca pudesse acabar
Uma incorpórea ponte da alma
Que incorpore alguma da minha calma
Sim, acho que podia fazê-lo
Desenleando o novelo
Que mitiga estas linhas espaçadas
Que pela minha caneta são criadas
Mas continua o bloqueio
Que corta o Poema a meio
Mediando parte do meu receio
Pois receio ficar apenas dele, a meio