O dia das mulheres é celebrado quase todos os anos, com abordagens políticas e sociais. O tema da maternidade, e a feminilidade exposta nos outdoors e nas obras de arte estão em evidência.
Para homenageá-las, escolhi o perfil das prostitutas que me acompanharam num passeio noturno em Foz do Iguaçu e Salvador. Os nomes não lembro. E chamo-as de Dulce e Isadora.Foram essas duas almas que me levaram a conhecer o mercado do sexo nessas duas cidades.
Quem pensa que nesse universo há somente lágrimas e violência engana-se. Uma delas, a baiana, perfeitamente bem resolvida, estava a trabalhar não por necessidade, mais diversão e pela facilidade em conquistar homens pelo dom da sedução. Alta, corpo escultural, cabelos bem tratados e cheirosos, voz doce e olhos espertos.
A outra, uma paranaense de Foz de Iguaçu, fugia dos padrões de beleza das mulheres da região Sul. Estatura mediana, morena, cabelos crespos e com ares conscientes de sua função na vida. Ela confessou-me que ali estava, por vocação. Suas irmãs, todas estudaram, deram-se bem com suas escolhas, casaram-se e tiveram filhos. Ela preferiu ser a ovelha negra da família, embora tenha feito inúmeras tentavas para escolher um profissão nobre.
Depois de ouvir vários sermões da família e das amigas de infância, resolveu investir na imagem daquela que vive do "pecado", mas sabe que recebe a proteção dos Orixás. Entre esquinas das avenidas, quiosques e bares, gargalhávamos; a vida nessas caminhadas recebiam novas tonalidades.
Elas ensinaram-me que não devemos sentir medo da noite. Ela revela muitos mistérios, homens fortes e bonitos, muitas vezes pagam para ter um colo para desabafar suas mágoas. As injúrias, preconceitos e injustiças, são suportes de luta.