O mau tempo a tudo corrói,
Malogradas se tornam as esperanças,
Carcomidas e inúteis as lembranças
Dum passado em que nunca fui herói.
Pensamentos obscuros diluem o bem
Deixando preso o pretérito que se afoga
Num túnel movediço onde não há horas
E o presente se configura suposições também.
Raciocínios se partem por falta de convicção,
As palavras são delírios isentas de emoção
E o tudo é nada... o nada sempre é tudo!
O futuro é ar que a consciência estoura,
A vida se propõe vegetativa e sem lavoura
Num solo árido em que respirar é distúrbio!