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Incompleto

 
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Incompleto

Devasta-me a vida em fogos
expansivos numa guerra imprevista
travada no extremo das estrelas
em missão e suspensão
um sorriso a arder onde o corpo
vira lápide de grafismo anónimo
fenda longa dum colectivo , sem sopro !
onde habita o tempo que me roubou
o ambiente certo para eu confessar que vivi
nem de tão pouco ler Neruda
me sobrará um minuto que seja
para declamar d´alma amotinada:
"puedo escribir los versos más tristes esta noche"
apenas num restar que não fica
porque não permanecerá
o pico do segundo inconfesso
porque demasiado breve
no qual reconheço o acto estoico
da minha inevitável confissão
um padre e um freudiano fogem de mim
não querem,temem, guardar o segredo
deste meu murmúrio
desta terra queimada
onde se consomem em lume furioso
as minhas cinzas...




Luíz Sommerville Junior , Março 2014
 
Autor
sommerville
 
Texto
Data
Leituras
1663
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4
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
41 pontos
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4
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 03/03/2014 23:37  Atualizado: 03/03/2014 23:37
 Re: Incompleto
*a ebulição intima na artéria do Poeta.
a 'incompletude' alavanca...rumo ao infinito.
perfeito!
k*

Enviado por Tópico
belarose
Publicado: 04/03/2014 00:10  Atualizado: 04/03/2014 00:10
Membro de honra
Usuário desde: 28/10/2010
Localidade:
Mensagens: 9026
 Re: Incompleto
Boa noite Luís!

Linda poesia cheio de encanto,parabéns!

Abraços!

Enviado por Tópico
Manufernandes
Publicado: 04/03/2014 01:05  Atualizado: 04/03/2014 01:05
Colaborador
Usuário desde: 09/12/2013
Localidade: Lisboa
Mensagens: 3827
 Re: Incompleto
Adorei... e nada mais direi!
Abraço
manu

Enviado por Tópico
annay
Publicado: 04/03/2014 01:37  Atualizado: 04/03/2014 01:37
Colaborador
Usuário desde: 10/05/2011
Localidade:
Mensagens: 1350
 Re: Incompleto
ah como gostei deste texto !
parabéns.
ana

Enviado por Tópico
Srimilton
Publicado: 04/03/2014 01:51  Atualizado: 04/03/2014 01:51
Membro de honra
Usuário desde: 15/02/2013
Localidade: Nenhuma
Mensagens: 1830
 Re: Incompleto
Li este poema, ouvindo a música do seu "Pescador de azuis...", experimente, é bem melhor.
Também gostei muito desse escrito.

Um abraço!

Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 04/03/2014 05:24  Atualizado: 04/03/2014 05:24
Membro de honra
Usuário desde: 25/01/2009
Localidade: Pouso Alegre - MG
Mensagens: 18598
 Re: Incompleto
deste meu murmúrio
desta terra queimada
onde se consomem em lume furioso
as minhas cinzas...

calo teus versos
pois quero passar com minha admiração.
que coisa linda e perfeita. obrigada

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 04/03/2014 11:01  Atualizado: 04/03/2014 11:01
 Re: Incompleto
Calo-me jundo ao silencio. Devasto em um mundo que as palavras viram magias, Somente aplaudir, que maravilha

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 04/03/2014 16:40  Atualizado: 04/03/2014 16:40
 Re: Incompleto
outro poema de se lhe tirar o chapéu. foi um prazer ler. parabéns, Jorge.

Enviado por Tópico
RayNascimento
Publicado: 05/03/2014 17:37  Atualizado: 06/03/2014 04:28
Membro de honra
Usuário desde: 13/03/2012
Localidade: Monte Roraima - tríade fronteira Brasil/Guyana Inglesa/Venezuela - - Amazônia - Brasil
Mensagens: 6573
 Re: Incompleto
Deâmbulante escrever
Do receptáculo do teu âmago
Chega ao meu...
Na incomplectude de um ser
Que reluta para não retirar o luto
E ainda se ver o consumir das cinzas
Do amalgama não-mais-existente...
Numa suspensão de ar
Das partículas de vida
Que nos dera um dia
Um respirar pleno
Em poesia vivificada
Que fora tragado pelos escombros
Imprevistamente sobre meus(nossos) ombros
Coberto pelo manto-vermelho-negro-do-luto
Que luta para o coração encolher...

Que dor é esta que assola-nos
E a uma humanidade inteira???

A dor do não-mais-ver...
Do não mais ouvir a voz amorosa
Do amor de toda uma vida???
Um contexto do livro da vida
Que jamais gostaríamos de escrever.
Confesso que a dor-da-saudade
Deixada impregnada
Que no coração se faz crosta
E na boca das mãos
O silencioso grito
Do deveras sentir...
Ecoa na mente, coração
Corpo e n'alma,
Por onde eu(nós) ir
E me(nos) deixa sem ar...
Neste meu(teu)
Receptáculo de incomplectude
Condenado ao vácuo
Da paisagem-humana,
No renascer das cinzas
A cada amanhecer
Beber'água na pia sacro
D'um poema-incompleto.



Ray Nascimento


Fonte: http://www.luso-poemas.net/modules/ne ... ryid=264993#ixzz2v7I1YWwp




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