Sou aquilo que você me faz
um papel que me força a fazer
as coisas que me pego a dizer
sou a sombra das tuas vontades.
Eu sou nada para mim
como nada eu sou pra ninguém
porque eu sei não sou assim.
Como posso não ser o que eu sou
nem eu sei, eu sou face e face
como o sol e a lua
eu sou todo disfarce.
Multiplico minhas faces com a face tua
eu sou todo um abraço cruel
desatenta calçada
eu sou nada
escorregadia, cansada.
Eu esboço um mundo de cores
no papel eu descrevo a dores
os sorrisos os risos, eu desenho as flores
e em todas as noites, ensanguentada sombra
sou a sombra que segue calada.
Alexandre montalvan
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