Sempre o segundo do calendário,
ano após ano sucede janeiro,
desde o inicio do gregoriano precede março.
Assim, onde está o brilho
do mundo pela manhã?
Já terei acordado,
ou ainda sonho?
com ramos destacados
do tronco de um pinheiro,
uma pomba voando acima do telhado,
uma folha em cima da mesa ,
o mundo em verde e azul,
o ouro do pólen e a névoa da manhã?
Um vislumbre de rostos,
um compromisso
e uma luz ofuscante,
nesta cidade onde os postes são de concreto,
termômetros fervem em óleo
marcando o início da noite de natal;
tudo como um sonho, sonho tão antigo
continua na memória,
reverbera numa visão grandiosa.
Apenas é necessário estender os dedos
para tocar de leve as copas dos pinheiros,
sentindo pontiagudos angustifólios.
Tudo tanto o mesmo que foi,
será agora e sempre
inobstante a escuridão
brindando a vastidão dos penhascos
e a turgidez das águas do rio.
Tudo calmo mesmo neste dia nublado,
favorecendo seus sonhos orvalhados,
neblina da noite e perfume de murtas.
A cada ano, fevereiro sempre é o mesmo.