GRÃO DE AREIA
Não posso lutar contra esse forte inimigo,
não sou covarde, por buscar um abrigo,
perante ela sou menor que os pigmeus.
Mas nunca, nunca fugí em debandada,
quero ver sua lança e ver sua espada,
que deve ter tirado, das mãos de Deus.
A tempestade, que o medo aqui semeia,
não me faz sentir, como um grão de areia,
não fugirei, como foge a ave esquiva.
Em campo aberto, não quero essa luta,
sua força, não me encontrará na gruta,
não sairei de lá, como uma canoa a deriva.
Força descomunal, nos raios e trovões,
quebra árvores e inunda os ribeirões,
sem ter piedade, tanta vida sepulta.
Protegido de seus ventos, não sinto medo,
e muito forte, mas não quebrará o rochedo
onde guardo a minha inteligência oculta.
Chuva, não tenho medo de sua suicida orgia,
sua bravura e força, não me traz asfixia,
ao te ver, vou procurando o meu trilho.
Mata, maltrata o pobre animal que grita,
tira da árvore e joga no chão, a parasita,
continuo aqui, da natureza também sou filho.
GIL DE OLIVE