Poemas : 

Alembradura

 
Horas convulsas
da minha
aldeia!
Noites sem
Lua,
dias sem
Sol,
campos de
flores,
trigo e aveia,
tantas sementes
que o espaço
alteia ...

E um monte
de estevas,
ergue ao longe,
na umbra,
uma Terra audaz!

"- Ó menino,
tu não te
atrevas ir
sozinho a
Monsaraz!"


Dizia meu Avô!
Dizia minha Avó!

Montes e vales,
rochas traiçoeiras,
hortas e vinhedos,
cercas perturbantes,
bichos e cobras,
por aí, nas eiras,
onde eu andava
dantes ...

No Outeiro!
Na minha Aldeia!

Criança sem rumo,
pelo orvalho,
diziam meus Avós,
atormentados:

"- o menino
não levou
agasalho! ..."


E quando regressava
dessas voltas,
sempre, de meus Avós,
preocupados, escutava
um ralho!

E hoje, mais só,
que dura saudade!
Desse Tempo ...
Desse Espaço ...
De meu Avô ...
De minha Avó ...

Saudade que perdura,
nessa Casa da Infância,
nesta fria-alembradura ...

Ricardo Louro
Chiado/Lisboa


Ricardo Maria Louro

 
Autor
Ricky
Autor
 
Texto
Data
Leituras
967
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
2 pontos
2
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Branca
Publicado: 26/02/2014 16:47  Atualizado: 26/02/2014 16:47
Colaborador
Usuário desde: 05/05/2009
Localidade: Brasil
Mensagens: 3024
 Re: Alembradura
Ricky, aqui deu saudades até dos ralhos.
Bom lembrar em poemas tempos de gente da alma limpa.
Gostei.
Bj.
Branca

Enviado por Tópico
MarySSantos
Publicado: 26/02/2014 17:03  Atualizado: 26/02/2014 17:03
Usuário desde: 06/06/2012
Localidade: Macapá/Amapá - Brasil
Mensagens: 5848
 Re: Alembradura
vou nas palavras da Branca. li e reli e me perdi
nestas belas lembranças da infancia.

abraço.