Sei que a preguiça rebola no seio das gentes
E que dormir é tudo quanto de verdade se quer,
Não saboto de mim vez por outra um soninho qualquer,
Mas confesso que em cada sono há propósitos diferentes.
No cinzel de cada sono deveras me programo,
Durmo sempre com um olho fechado e outro aberto,
Assim diante de uma emergência estou desperto
Para não permitir que as chacotas da vida me deem cano.
Quem se abraça a sonos prolongados possui carências
Que só no sonho não se manifestam como tendências
Porque o estágio onírico é particular, de acesso proibido...
Vive-se, então, duas vidas: uma real, outra fictícia
E nas fantasias de ficção tudo é possível e sem perícia,
Por isso dorme-se cada vez mais isentando-se dos perigos!